Como escrever e publicar um livro?
o que aprendi ao publicar "Estruturando Customer Success"
🤘📩 welcome a esta edição da news “Customer Success by Lui”
🔮🤖🚀 aqui falamos sobre Startups, Tech, Venture Capital e especialmente o universo de clientes em tech: CS e CX
Por que ler livros?
Responde Marc Andreessen, co-founder da a16z, um dos principais fundos de Venture Capital existentes:
“Há milhares de anos de história em que muitas e muitas pessoas muito inteligentes trabalharam muito e realizaram todos os tipos de experimentos sobre como criar novos negócios, inventar novas tecnologias, novas maneiras de gerenciar...
Eles executaram esses experimentos durante toda a vida . Em algum momento, alguém colocou essas lições em um livro.
Por muito pouco dinheiro e poucas horas, você pode aprender com a experiência acumulada de alguém. Há muito mais a aprender com o passado do que muitas vezes percebemos.
Você pode gastar seu tempo de forma produtiva lendo experiências de grandes pessoas que vieram antes, e você aprende sempre.”
Depois que li isso pela primeira vez pensei que meramente dar Palestras, Workshops, gravar Podcasts ou Cursos não seria o suficiente. Era momento de dar um passo a mais, escrever um livro, que foi publicado dias atrás!
E é sobre isso que escreverei aqui hoje, já que é a pergunta que mais ouvi nos últimos dias :)
Como escrever e publicar um livro?
Pois vamos lá.
1.Defina a ideia central, a novidade
Se você tivesse um TED Talk de 18min para montar, que conteúdo prepararia?
Perceba que TED Talks normalmente não possuem ideias genéricas, como “Simon Sinek dando palestra sobre a importância do propósito”. Isso nem passaria pelo crivo deles.
Normalmente o que entra é: “Simon Sinek apresentou um framework chamado Golden Circle, trouxe diversos exemplos e motivou o público a começarem pelo seu próprio why”.
Qual novidade você vai trazer com o livro? Se você ainda não possui, trabalhe nisso, talvez fazendo esse exercício de montar um TED Talk.
ps: Leia sobre “nicho” com as frases deste inspirador livro de Seth Godin.
2.Gerencie o “Projeto Livro”
Meus amigos, escrever um livro é um projeto de vida que normalmente leva meses (ou até anos).
Como você vai gerenciá-lo? Qual ferramenta? Escrever “quando der”? Criar um Trello, Asana, ou um gerenciador de projetos? Quantas horas por semana você vai dedicar a pesquisa e escrita?
Eu usei Evernote para começar (cada capítulo era uma seção do Evernote) e depois fui migrando para o Google Docs geral. Deus abençoe o command+F pra achar as coisas depois disso. Deve ter maneira melhor, mas as vezes, o simples ganha jogo.
Murakami em “Do que eu falo quando eu falo de corrida” defende:
“Nunca vi nenhuma nascente por perto. Tenho de martelar a pedra com um cinzel e cavar um profundo buraco antes de conseguir localizar a fonte da criatividade. Para escrever um romance, tenho de exigir muito de mim, fisicamente, e despender um bocado de tempo e esforço. Toda vez que começo um romance novo, sou obrigado a escavar um novo buraco profundo.”
Assumo que eu não tive taaanta organização - mas estou desculpado pois a escrita faz parte da minha vida há muitos anos, e isso que abordo no item 3.
3.Exercite a leitura e escrita desde já
Stephen King em “Sobre a escrita” disse:
“Se você quer ser escritor, existem duas coisas a fazer, acima de todas as outras: ler muito e escrever muito. Que eu saiba, não há como fugir dessas duas coisas, não há atalho”
Leia muito. Compre um Kindle, mesmo que você acha que gosta de cheirar, tocar, ter um livro físico. Dane-se isso tudo. Toda pessoa que dá essa desculpa para mim normalmente não lê 2 livros por ano. Leia mais e saia do Instagram. Leia Murakami, Stephen King, Carla Madeira, Adélia Prado, Guimarães Rosa, Rubem Alves, João Mohana, Thoreau, Tolstoi, João Antonio, Truman Capote e toda essa turma de monstros sagrados. Perceba seu estilo, como organizam ideias. Se quiser dicas, só gritar.
Escreva muito. Escreva no Linkedin, responda uma caixinha de perguntas no Instagram, tente elaborar grandes ideias em poucas palavras, vá evoluindo. Crie uma Newsletter no seu nicho, entenda o que o público gosta ou não. Crie um Blog, mesmo pessoal. Mostre para pessoas de confiança, depois publique. Se exponha um pouco mais! Passe um tempo exercitando a escrita.
Seu livro vai ser consequência disso.
O livro com ideias fantásticas mais simples que li recentemente foi “A Guerra da Arte” de Steven Pressfield. Ah, se todos nós conseguíssemos organizar as ideias assim…
4.Decida sobre: Gráfica x Editora independente x Editora
Gráfica: normalmente só vai imprimir os livros, mas não distribuir. Se você faz Workshops presenciais por aí e deseja ter uma pilha de livros para levar nesses eventos, por exemplo, é uma alternativa legal. Só alinhe com seu cônjuge que você vai usar o quartinho da garagem para isto.
Editora independente: lancei um livro anterior sobre 1-1 via Clube de Autores. É bem freestyle, você pode contratar serviços deles ou ir atrás dos seus (diagramação, capista, correção ortográfica, e afins). Recomendo para livros mais simples, tipo livro de poesias do seu vô, ou um Playbook que você escreveu e quer botar no mercado rapidamente, como o meu de 1-1. Eles distribuem para Amazon e vários outros canais normalmente. Você delimita o quanto quer ganhar, eu botei R$2 no de 1-1 e o livro ficou mais barato.
Editora: aqui você normalmente vai aplicar um Formulário explicando tudo sobre o livro. Mas eles normalmente aceitarão somente livros prontos ou 90-95% prontos. Eles não perdem tempo com “ideias” de livros, a não ser que alguém te apresente a alguém e essa pessoa se abra a te apadrinhar ou algo assim. Se você quiser mentoria de alguém para conferir as coisas, vá atrás de alguém que já escreveu um livro. A editora provavelmente não vai te ajudar aqui - apesar de que algumas possuem até Cursos pagos de formação para autores. Normalmente a editora fica com todos os serviços (capa, correção, diagramação, etc.), mas cobra um $ de entrada que depende de N fatores. A editora que escolhi falhou muitas vezes em termos de experiência comigo, pois até a publicação foi um processo truncado, demorado (6 meses, ao invés de 4 prometidos!), e com resultado abaixo do esperado em diagramação, sinceramente. Mas isso falo no PVT com quem quiser.
Enfim, minha dica seria começar!
Não ache que você vai solucionar o enigma da Editora antes de sentar a bunda na cadeira e fazer o dever de casa inicial, a não ser que você seja o Tim Ferriss ou o Papa Francisco e as editoras estejam brigando por você.
5.Tente organizar um índice com começo-meio-fim
Parece bobo mas é uma das partes mais difíceis: montar um índice, ou seja, montar a estrutura do livro, uma taxonomia que faça sentido.
Eu troquei N vezes de ideia e algo que usei me ajudou: um capítulo central chamado “Perguntas e Respostas de CS” que conseguiu responder o essencial, o básico, para que o livro todo não se tornasse um Wikipedia e perdesse seu caráter testemunhal. Afinal, eu sou obrigado a responder o que é Jornada do Cliente, e não presumir que o leitor já saiba. Existe só 1 livro brasileiro de CS (do meu amigo Hiram Damin) e o meu é o segundo! Querendo ou não, o público vai ser Topo de Funil por muitos e muitos anos. É minha sina.
Se meu livro fosse sobre Marketing Digital (devem existir centenas no Brasil e milhares no mundo), teria que nichar mais ainda e talvez não escrever algo tão Topo de Funil assim. Depende do seu assunto e nicho, o que falei no item 1.
6.Leve a sério cada devolutiva da Editora
Se você optou por uma Editora, eles vão enviar materiais para que você confira, como a capa, a correção, a diagramação e afins. Tire tempo para ler e reler. Você vai cansar um pouco da sua obra, mas é importante você estar por dentro de tudo.
7.Pense num plano de divulgação
Algumas editoras possuem parcerias com livrarias, cursos de graduação ou pós, locais para eventos e afins, para incentivar noites de autógrafos e coisas do tipo. Outras, como a minha, não inclui esse tipo de coisa. Ou seja, assessoria de imprensa, divulgação e afins foi tudo comigo mesmo.
O bom de ter construído um público em CS ao longo de anos e anos é que isso não foi um grande problema e consegui atingir minha turma. Se vão comprar ou não, é com eles.
8.Pense no próximo livro
Acho que “Estruturando Customer Success” é uma obra bem legal. Me vejo recomendando ele para pessoas que tem o desafio de montar uma estratégia de Sucesso do Cliente em suas empresas por um bom tempo, e claro, criando novas e atualizadas versões ao longo dos anos.
Mas confesso que já tenho um projeto de próximo livro - um pouco mais inspiracional sobre clientes. Aguarde os próximos capítulos!
Se você tiver mais dúvidas, me procure no Linkedin. Vai ser um prazer ajudar.
Um bom relato de amizade
Esses dias perguntei para um amigo, Diego:
“Por que as pessoas exclamam: ‘Lui, quero o meu livro autografado, ein'”?
Maioria delas são pessoas que tem fácil acesso a mim, amigos e familiares muitas vezes. Não entendo essa vontade de ter um autógrafo – e pior ainda, não entendo como vou conseguir autografar esses livros, que são sob demanda.”.
E ele respondeu:
“Existem pessoas que marcam a nossa vida. São ídolos ou pessoas que simplesmente nos inspiram. Como imagino que marcaste a vida de muita gente por alguns motivos, seja conselhos ou jeito de ser, isso tem valor.
Eu pessoalmente gostaria de ter essa dedicatória pois o mundo dá voltas, podemos estar morando em cidades ou países diferentes e a vida poderá nos afastar. E algum dia acontecerá de nunca mais nos vermos pessoalmente. Ter um livro que posso ter na estante e daqui a 30 anos olhar e falar: ‘Meu grande amigo que fez'” e puxar a dedicatória, tem seu valor. Quando a pessoa significa para gente, essas coisas têm valor”.
E a partir dessa resposta não mais indagarei a motivação por trás de autógrafos do livro. Fez sentido e me deixou mais feliz por saber que tenho um bom amigo como este. Só não sei como vou autografá-los. 😂
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muito sucesso para você e para seus clientes.
até a próxima.
Ótimas dicas, Lui. Como eu pretendo escrever um livro no futuro próximo, veio a calhar suas dicas. Conheço o CEO do Clube de Autores e foi legal vc citá-los.
Trazer Murakami e Stephen King (um baita benchmark de cadência de produção editorial, pau a pau com Neil Gaiman, haha) numa newsletter sobre produção de livro foi uma baita ideia. Tu é a segunda pessoa que fala sobre esse livro do Murakami — acho que vou dar uma chance.
Parabéns pelo projeto e boa sorte pro próximo!